.era uma vez um tambor que tocou, precisado tanto, ele convenceu a menina que tinha que dizer o que ele esperou quase um mês pra fazer. pois sim, tambores guardam segredos, e muito bem. e hoje, a menina sabe.
.nascia um cocar, ainda pairando no ar; vieram cores, turquezas, amarelos, vermelhos, brancos, marrons, dourados, marrons, dourados, marrons, dourados e, por fim, as penas brancas majestosas. criou-se debaixo, o índio grande, moreno, com cara de senhor, exigia respeito. ela, consciente, baixou a cabeça em reverência. e, como em surpresa, em canto presente, regalou a moça com o mágico-encantamento. só uma lágrima escorreu em gratidão, e isso bastou, os dois se entenderam como se fossem um, que logo se tornaram.
.após um tempo, num templo se reencontraram, o cocar e a menina-moça. vestiram-se um ao outro, completando a equação. junto a eles, a raposa enlobada ou lobo raposado sentaram e logo eram matilha. o lago formado pela grande mãe, água-cachoeira de uns cinquenta metros, no mínimo, secou. abriu-se cratera e logo pularam os lobos, as raposas e, por fim, a menina medrosa. desce que desce, e não acaba. reviravolta revolta essa terra sem fim. cai cai cai e o fundo não chega. uma sala parou, com dois periquitos que cantaram qualquer coisa que não fazia importância no momento, assim, abriu-se a terra novamente e a queda se vai até que um dia chega.
.sem bloft, sem dores, chegam ao destino: um vale dentro do canyon imenso-negro. caminham sobre as águas, a menina e a raposa, mas só se vêem as orelhas dela. faz sentido? talvez para você, não. anda, anda, anda, o caminho aclara num ponto. vem menina, chega moça, vê. repara. para e olha. ele, o elefante, preso em teias de aranha... como um elefante preso em teias de aranha? ninguém entende, mas tal fato é realmente observado. a dona aranha que sobe pelas paredes, chega, olha e diz que ajuda; ajuda se ajudarem, pois ajudado também será o dela.
.abraçam-se ao trabalho, ela destece a teia, enquanto a menina sopra luz. luz dourada que desfalece o tecido e pinta o elefante. sabe aqueles elefantes indianos, todos coloridos? pois então, transforma-se. ele não quer mais ser pequeno, pois essa seria a única explicação para a prisão nas teias. será? mas parecia tão grande!
.coloca a menina-moça-que-cospe-luz, a aranha-destecelã e a raposa que já é ela por si, nas costas e corre. corre corrida sobre as águas até aquele lugar onde caíram a moça e as orelhas flutuantes de raposas no vale. olha pra cima, nada. olha a menina, e eles sabem que era hora de mudar. mudou de forma o elefante enorme, tornou-se pó de luz colorida e entrou na bolsinha que a menina carregava. subiram de volta sem os tormentos das terras reviradas, de volta ao templo. a aranha tece sua despedida, diz que fica, pois lá ajudará.
.abrem-se os olhos da menina que entrou no sonho ou na magia e viu tudo aquilo. será que é verdade? ela olha a bolsinha, em misto de curiosidade e receio. tudo junto e misturado, abre fresta e saem voando borboletas com asas de cristal, muito finas e brilhantes na luz do sol. faz-se arco-íris, o pó de luz colorida sobe sereno e impulsionado pelo vôo das borboletas. e sim, o elefante foi libertado, colorido, para onde deveria ir.
.assim aconteceu, e assim falei.