domingo, 30 de novembro de 2008

.à cegueira.

Desde sempre o olhar inexperiente chega cego, porém com gana. Chega perto para percorrer com detalhes cada centímetro de quaisquer sentimentos e superfícies que possam vir a suceder aquele momento de tensão inexplicável. Menina, homem ou mulher esgueira-se para ver através, ou melhor, atrás do muro, aquilo que não lhe é permitido. E aí, tudo se vai, tudo se acaba e recomeça outra vez.

A história parece a mesma, mas cada vez que ela me conta, tem algum detalhe diferente. Seria mentira ou talvez fosse a mais verdadeira das histórias que ela me contava com brilho nos olhos e vontade de ficar calada? Aquilo que não nos é permitido é muito melhor...

E foi assim que soube da sua cegueira, da sua virtude, da sua inocência. O medo não se perde, mas teima em arriscar-lhe a vida, ou que fosse só um fio de cabelo velho, mas ela vai e atordoa o coração. Seu próprio, talvez não de outro, porque ela tem compaixão. E ela volta para aquele mesmo que a acariciava e sentia saudade. E ela volta para aquele mesmo que lhe deixara esperando. E ela volta para aquele mesmo desconhecido de olhos brilhantes e curiosos. E ela volta para aquele mesmo que um dia não falou nada.

Não sei se a considero corajosa, arriscar-se de novo com o mesmo. Mas me disseram certa vez que a vida é como um rio, e as águas passam, e as coisas mudam. Então, aquela pessoa que você conheceu há um ano não seria mais a mesma?

Eu posso te jurar que eu não sou, e nem ela.

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