domingo, 27 de março de 2011

.l'illusionniste.

Se tudo o que eu quisesse viesse como mágica, o mundo seria lindo. Se tudo fosse como ele queria, talvez não. Um homem solitário, inconsistente, quase infeliz, se não fosse pela indiferença de sua vida. Tudo se transforma. O amor, um amor de criança, de pai, um brilho nos olhos, com a crença na magia, a menina, a alegria. Ficaram amigos, foram comparsas. Ela, sem saber, se aproveitava da inocencia e da falta de habilidade social dele. Ele, aprendeu a lidar com outro ser humano, e até reconheceu o amor sem enganação. Assim, mostra-se, sem mágica, uma amizade.

.la lengua de las mariposas.

Janelas abertas para a vida, pensou. Viu um sorriso, uma esperança em meio aos gritos de desgraça. Um sonho plantado com carinho. Viu uma pedra se transformar em flor, o ser jogada com vontade. O desejo da liberdade, como se tivessem asas e fossem voar para longe. Ele conseguiu, el maestro, tocou a vida de uma criança, ao menos. E assim, poderia morrer feliz, talvez. Sabe que uma semente plantada no ódio não vinga, já uma amizade, é para sempre, mesmo que se finja não ser, por proteção. E o olhar perdido, desconectado do mundo, o olhar de não-entendimento, mais tarde farão sentido. Pois ele saberá que tudo aquilo que aconteceu não passou de uma tragédia, e de uma mentira vestida de verdade universal. Talvez, quando descobrir isso, ele sinta raiva, mas se lembrará do olhar misericordioso e paciente del maestro. Assim, sorrirá.

sexta-feira, 18 de março de 2011

.o dia do casamento.


Ela chega esbaforida. É uma casa de campo linda, enorme e arejada. Cheira a grama molhada, talvez com um toque de erva cidreira no ar. A casa está cheia de flores. Tem muitos cachorros. Ela olha para os lados, parece estar familiarizada com aquilo tudo. Precisa ir ao toillet, mas todos são muito abertos. Vêm cães, devem ter uns cinco. Percebe que está vestida de noiva. Um cão caramelo, na verdade é fêmea corre atrás dela. Ela encontra um banheiro, deve ser o da mãe, que está num escritorio prevendo os próximos momentos. Ela faz xixi, e a cachorra quer brincar. Ela joga uma bolinha imaginária para a amiga que corre e esbarra nas porcelanas inglesas da mãe, mas, absurdamente, a cachorra tem TOC e decide arrumar todas as xícaras no lugar com a pata, coisa que nem a mãe faz. A mãe pergunta que chá ela vai querer. Aparece com uma caixa, onde se lê cinco opções de sabor. Sede.

quinta-feira, 17 de março de 2011

.meu presente, a saudade.

Não são raras as vezes em que fico feliz com pequenas coisas, pequenos gestos, poucas palavras. Sou uma pessoa simples, e simplesmente complicada, também. Mas quer me fazer feliz, me dê palavras de presente. Não preciso de nada rebuscado, nada irreal; muito pelo contrário, quanto mais simples e verdadeiras as palavras, mais vou gostar, tanto de você quanto delas.

Saudade, por exemplo. Recebi esta de presente, há pouquíssimo tempo. E ela vem sendo presente por vários e seguidos dias. Conseguindo me distanciar do sentimento, de vez em quando, e sorrindo. Mas quero falar do presente, ouvir a saudade, sentir a saudade. E a saudade vira amiga. É uma palavra-poema, um sentimento sincero que preenche um vazio, apesar dela demonstrar um vazio também. Somos dúbias, as duas, talvez por isso, parecidas.

E se tem um silêncio que a completa, incompleta fico. E se demonstra uma falta, preenche-me a alma. Obrigada, saudade, és o meu presente mais bonito.

quarta-feira, 16 de março de 2011

.um sonho estranho.

(image_cecelia webber)

Foi um sonho estranho. Ela não podia vê-lo depois de tanto tempo. E ele tentava incessantemente se comunicar. Ela estava triste e dormia atravessada na cama. Ele tentava lhe dizer para não fazer isso, senão ela ia esquecê-lo logo. Ela não ouvia. Ele ficava triste e desesperado, pobre homem, calvo e vestido num pijama de botões, listrado em azul e branco. Ela não tirava a colcha florida para dormir, como se estivesse deitando num campo florido, indo ao encontro dele. E a falta de comunicação entre os dois se tornou barreira inquebrável, quando os vi.

***
It was a weird dream. She couldn't see him after all. And he tried hardly and hardly to communicate. She was so sad and just slept crossing her bed. He tried to tell her, not doing that, 'cause she would forget him so quickly. She couldn't listen. He started becoming sad and desperate, poor guy, bald and dressed with a striped blue and white pijamas. She couldn't dress off her bed from that flowered lit, it was like lying on a full filled flowered field, where she would find him. And their lack of communication became an unbreakable barrier, when I saw them.

terça-feira, 15 de março de 2011

.onde foi?.



Saiu meio assustado, perdido entre pensamentos, o tal amor. Ele pediu informação e acabou no lugar errado.

.portfolio online.


A menina cresce e trabalha. Trabalha e cresce mais. Aqui, sem querer, saem improvaveis pensamentos, delirios de menina-moça-mulher. , os trabalhos, as realidades vindas de loucuras, às vezes minhas,, às vezes de outros.

quarta-feira, 9 de março de 2011

.duas partes.

Deixou-se levar, pelas ondas do mar, pelos ventos do norte, do sul, do leste, do oeste. Foi, sem saber para onde. Foi levada assim, como numa dança de par. E quando viu, estava perdida, no meio de uma nuvem colorida.

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Disseram-me que saudade era palavra singular. Acredito que seja singular por sua existencia, que só é da língua portuguesa. Porque, como pode ser a mesma e única saudade que sinto de tanta gente e de tanta coisa?

segunda-feira, 7 de março de 2011

.lisboa em pessoa.


As andanças do poeta não negam a beleza da cidade; ele me conta e eu acredito. Eu vi o que ele viu, e nada disso pode ser negado. A Lisboa romântica, a Lisboa destruída e amada, a Lisboa encantada. Encantada por seus versos, encantada por sua prosa, encantada por olhos turistas que não encontram o lado ruim de umas boas e merecidas férias.

Reencontro a cidade, num presente de aniversário: Lisboa em Pessoa. Nele, já encontrei muitos erros, suas fotos não têm toda a magia que vi, ainda assim, é bonito. Poderiam me deixar reordenar o sonho, daria mais poesia à vista do poeta e seus heterônimos.

Uma coisa é um viajante te contar, outra, um jornalista, outra é a visão de um sonho encantado, e esse, eu sei. Um guia de viagem, um lastro que se diz baseado nas andanças de Pessoa, de pessoas, da pessoa. Ainda não encontrei a poesia de seus passos, e assim quero, não apenas em pedaços de textos, em partes à parte de fantasia.

Ainda não cheguei na metade. Anda, que ainda tem mais, ele diz. Me conta contos, não paga contas, revejo passeios. Eu sonho contigo, assim. Que sejam burros, que sejam cavalos, em reis e rainhas, em negros escravos, em exposições, espero-te, Lisboa.

domingo, 6 de março de 2011

.existe um amor (quase) fundamental.


Sabe quando a distancia não importa e quando o tempo só aumenta a saudade? E vai crescendo devagarinho um amor distante, mas verdadeiro. E toda vez, faz brotar no teu rosto um sorriso, mínimo que seja, naquele momento crítico do dia...

Você sabe o momento certo pra dizer "eu te amo"? Você sabe, mesmo cedo, quando não vai assustar a outra pessoa? E quando você realmente sente demasiado, e está fora da realidade (não que este seja o seu ponto forte)... é quase tudo irreal nessa vida. Mas isso é verdade.

Existe um amor quase fundamental, ela disse. E viveu. E vive.

Tinha se esquecido do tal amor, da tal paixão, do tal palpitar do peito apertado. Era menina, quando se apaixonou pela última vez. Não é tão mais moça, ainda. Mas quer atravessar o oceano, viver uma loucura e dizer que assim, é feliz. Mas, pensa duas vezes. Largar tudo por um amor. Largar tudo por uma aventura. Ainda é nova, ainda é moça... vale a pena? Tudo vale a pena quando a alma não é pequena... eis o amor fundamental.

sexta-feira, 4 de março de 2011

.a grande luta.


Sem mais confrontos, os olhos baixam, a voz some. Daí, ela se dá conta do tamanho da briga que comprou. Sem saber, assim, o quão forte era o oponente, joga-se contra ele. Mas com o amor não dá pra lutar tão fácil.

quinta-feira, 3 de março de 2011

.ego(ísmo) em (auto-)retrato.

Quer mesmo me conhecer? Me reconhecer por entre os cantos, chorosa, sorrindo, cantando desafinadamente? Quer saber quem é a menina, a moça, a mulher, a louca apaixonada, a sombra de alguém, a luz de um cantinho? Quer descobrir a brasileira por dentro e por fora desse potinho com cara de quem vem do oriente? Com toda sua complexidade, toda a sua (ir)realidade, e (in)compatibilidade? Senta, que lá vem historia...

Era uma vez uma moça, que conheceu um moço e só namoraram depois que ela entrou na faculdade. Namoraram 2 anos, ficaram noivos mais um bom tempo, acabaram, ela sofreu, eles voltaram. Casaram. Um aborto espontaneo, uma morte de um filho, uma gravidez sofrida. Logo que nasceu a menina, sua mãe pôde chorar a morte do filho e regou sua fotografia com dor. Nasceu outro, 1 ano e 9 meses depois. E a menina decidiu cuidar, como se fosse dela. Estava nato, o talento para mãe.

Cresceu tímida, sorrindo pouco, batendo nos meninos da sala. Cresceu gordinha, e com o apelido de She-rah. Quis ser paquita, bailarina, veterinaria, médica, mas desistiu da medicina quando, pra uma feira de ciências do colégio, abriu um livro de dermatologia do pai. Desisitiu na hora. Quis fazer direito, trabalhar na ONU e mudar o mundo. O mundo a mudou e o sonho foi ter com outra pessoa.

Pisciana, sempre. Sentimentos à flor da pele. Desde sempre, apaixonada; paixões platônicas, pois nunca se viu merecedora de troféus, de amores. Mas sonhava com o principe encantado em seu cavalo branco que viria salvá-la da torre alta em que ficava escondida. Amou. Amou amores infantis, seu primeiro foi um coleguinha do jardim II, o Daniel. Dele, só lembra os cabelos loiros e cacheados e a mãe que usava uma coleira de gesso no pescoço; também, a primeira lembrança, as mãos dadas durante a aula da tia Cris.

Passado o tempo em que garotos eram garotos e garotas, garotas; em que crianças de sexos opostos não se misturam, virou moleque, de camisetão, aparelho e óculos... um patinho feio, mas pelo menos, magra, já. Ficou amiga do André, irmão gêmeo do Victor, muito diferentes. Um, magrelo e pequeno, outro, alto e mais fortinho, o magrelo foi a paixão-amiga. Se faziam desenhos, se faziam sorrisos. Um dia, sentaram debaixo da mesa de aniversario e se olharam, ficou um beijo no ar, porque levantaram a toalha de mesa.

Enquanto isso, dançava, a garota. Sonhando um dia poder só dançar na vida. Não seria necessario outro amor, outra coisa. A dança seria sua forma de energia e ela poderia viver APENAS da dança. Tempo passa, passa tempo, tendinites. Sessões de acupuntura. Formatura. "Ela nunca será uma bailarina de verdade", foi o que correu. E chorou. E desistiu do futuro dessa forma. Ok, seu corpo já não garantia o futuro, de qualquer jeito.

Antes da desilusão, dançou, torceu o tornozelo, queria dançar mais, mas estava num carrinho de bebê aos 7 anos. escreveu um livro, começou a aprender computação (e agora, acha absurdo que viu a internet nascer). Alguns detalhes se escondem na memoria, e melhor deixar quieto, porque senão o filme de muita gente vai queimar.

As amigas continuavam. O grupo mudava, mas sempre aumentando. Imaginavam seus casamentos, seus bolos, suas festas. Inclusive o rapaz com vaporetto que ficaria a postos a noite toda para qualquer eventualidade. E riam dos planos, e combinavam quem seria madrinha de quem. A quantidade de filhos, na cabeça, naquele tempo era absurda. E pensavamos em ser mães jovens... Ah! Os tempos mudam... Vivi, Carol, Ju, Melina, Ju M., Nati B. As corridas para pegar o melhor lugar no recreio!

Sexta série: primeiro beijo... que tragédia! Apaixonou-se pelo Danilo, Dadinho. Ainda menina, queria ver um desenho animado no cinema, de repente, veio o menino e colocou uma língua extra em sua boca. Claro, isso depois dela ter virado o rosto na primeira tentativa. É... tem gente que nasce ingênua e assim permanece por tempo indeterminado. E ficou, com sua platônica paixonite até o primeiro colegial, quase segundo.

Já no outro colégio, conheceu Rodrigo, que seu irmão apresentou. Foi paixonite. Durou e ele foi embora. Sim, não teve sorte no amor. Mas sorte no jogo... Já ganhou uma TV 14" num bingo, pouco dinheiro, ainda não ganhou na loteria, mas quem sabe logo mais... ou será que vai começar a rodada do amor?

Vão e vem, pessoas. Estalinhos. Nada mais.

(to be continued...)

quarta-feira, 2 de março de 2011

i've just found i have readers in other countries... maybe it's time to try writing in other languages....