domingo, 27 de julho de 2008

.dá um filme?.

Lá estava a garota novamente, incansável, e seus dedos impacientes. Palavra a palavra, ia crescendo o nível de idéias espalhadas num papel digital. E ela via a vida passando como um filme. Pensou se seria um longa ou um curta-metragem, mas talvez sua vida não fosse lá tão interessante para um filme...

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque, no fundo, a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

Foi a Clarice que escreveu. E ela me conta coisas à noite, em sonhos. Ela me leva pra comer morangos fora de época, e eu juro que são morangos sempre doces. E nunca preciso de leite condensado. Outro dia, levei a menina de dedos impacientes pra passear e contei dos sonhos e contei das verdades inventadas, e ela me sorriu. Ela disse que qualquer vida é digna de um filme, só o público que será mais seleto, ou menos.

Foi uma conversa de sorrisos, de palavras telepáticas e olhares distantes. Até porque a idéia de escrever foi dela. E aí eu fiquei aqui, só pra contar o sem-final da história. Ela que me espere.

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Pois é, uma pergunta muito importante nessa vida.

.as (in)constâncias de um tal amor.

Sofrimentos à parte, o amor é lindo. E é como um pingo no "i", porque sem ele não dá pra ser completo, quiçá, dá pra ser (e só)...

E como falar do amor, assim, sem mais nem menos? Sem ter alguma explicação ilógica de qualquer pessoa que diz ter sofrido por ele. O amor não tem sexo, não tem nexo, não tem paz, não tem nada. O amor é vazio, é rude, é medonho. O amor mete medo, e mete forte, faz doer e você não sabe porquê. E ainda dizem que é lindo. E eu digo que é lindo. Sei que sou louca, mas você não precisa ser também. Não esqueça de ser e só, mas esqueça a loucura, pois o amor a acompanha e sempre. A loucura é o feminino do amor, a tampa de sua panela, a metade da sua laranja (ai, como é brega!).

Quero bater um papo, bater no papo desse tal amor. Porque ele deve ser velho, barbudo e gordo. Deve ter remelas nos olhos, queijinho nos cantos da boca e a pizza sob as axilas. Acho que o amor pode ser um cara nojento que te fala sacanagem e o pior, você gosta. Ou pode ser uma mulher que vaga pelas noites a procura de uma companhia, só pra não se sentir solitária e gelada no lençol puído.

Quais as faces desse tal amor?

Já ouvi que é lindo, já ouvi que é sujo, já ouvi que não tem cara. Já ouvi que aparece e desaparece antes mesmo que você saiba que ele passou. Já ouvi que não se esquece... Esse tal amor também pode ser platônico, pode ser distante, pode ser cheio ou vazio. Já ouvi tanto dele, mas ele cisma em fingir que eu não existo.

Ok, estou mentindo. Conheci, e acho que reconheci uma vez, talvez duas, talvez três; de maneiras diferentes. Me falaram que aquilo que sinto pelos meus pais e meu irmão é amor, amor diferente que nunca acaba, só não sei porque às vezes ele sai de férias. Outro dia estava na praia, vi um menino, acho que meus amores começam na praia porque a maritimidade vem ao meu favor, sou filha de Iemanjá, apesar de já terem me alertado a nunca fazer pedidos de amor a ela. Será?

Sim, vi um menino, o primeiro que dormi abraçada, mas parou por aí. Durou um mês, eu parecia feliz e boba. Acabou assim, tão de repente quanto começou e eu chorei. Chorei abraçada a um amigo que também sofria por um (talvez e susposto) amor. Acho que essa foi a primeira vez de verdade. Uma cara feia e dolorida, fazia bico e dizia "peixinha". Agora, o lance, a segunda, algumas faces diversas... e eu tô descobrindo e me deixando ser levada: volta?

.acasos do tempo e espaço.

Pois é, depois de "velha" (que horror dizer uma coisa dessas, enfim.. isso não é um adjetivo que vem ao caso, é só mais um acaso do meu vocabulário pobre), viro fã. Acompanho, faço campanha. Sim, leiam essa moça (é só clicar). Mas quem lê esse meu diário? Acho que só R. (Gosto de preservar identidades)

Vamos lá, uma leitura crítica e criativa dos nossos (ou meus) medos. E sem ela me conhecer. "Hello, stranger!", diria Alice Aires ou Jane Rachel Jones, como queiram. E eu poderia me apaixonar por quem me entende assim. Será?

Talvez, conversando com ela, não. Não, porque descobrimos o quanto amamos sofrer. É a única coisa que realmente nos pertence: o sofrimento. (Então, R., não vou virar budista, não agora, mas seu conselho ficará guardado na memória até um dia eu ter maior consciência do todo e esquecer de ser eu mesma, deixando de gostar de sofrer.)

sexta-feira, 25 de julho de 2008

.resoluções (mentirosas) de meio de ano.

Já se deu conta que os minutos levam mais que 60 segundos quando você quer que tudo passe rápido? E que o dia demora a passar mais que o ano, mas dezembro logo chega; sempre. Que, sempre que você acredita em Papai Noel, as chances de conhecer o mundo novo talvez exista além do imaginário.

Pois é. Minhas resoluções de um meio de ano:

1. Gostaria de ser menos, talvez sendo menos eu fosse mais entendida. Sendo menos, o extrapolar de qualquer coisa demora mais. Sendo menos, eu esqueceria. Sendo menos, eu vestiria um número menor. (ok, esta última frase é típica de resoluções, por isso eu tinha que deixar, né?)

2. Gostaria de sentir menos, deve nos preservar, não?

3. Gostaria de... lembrar o resto das resoluções.

Enfim.. é uma grande mentira tudo isso.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

.ele.

Quando a gente tem medo, fecha os olhos e pensa numa coisa bem boa? Ou isso serve só pra voar?

Não quando a gente lembra de um abraço e um sorriso contador de histórias incríveis.

domingo, 20 de julho de 2008

.um pouco de besteira também.

O maior jogo dos últimos tempos.

Vai, lá, confio em você.. A mulher-melancia precisa de ajuda! hahaa

.quando o assunto é.

"Ele gosta dela. Não tem mais como fugir. É, da medo. Ela deve estar com medo também. Gostar é começar o inferno tudo de novo. Mas ela, quem diria, escreve lá no texto que topa. Topa começar tudo de novo. E faltando dois parágrafos pra terminar o texto, ela manda, na lata mesmo: “quero te ver hoje”. O que será que ele vai responder? Ele então pega o café. E sai cantando como se o dia estivesse diferente. Over and over and over and over..." (peguei do flog da djessy)

Parece que quando o assunto é relacionamentos, todos somos iguais, ou, no mínimo, bastante parecidos. Estava na seguinte situação-tipo: começo de relacionamento. Foi assim:

Trabalho. Longe de casa, longe dos amigos, no trabalho. Festas de folga, desde a primeira, olhares. E ficou por aí. Quando se viam, olhares (Oh, você jura?). Sorrisinhos e 'obrigadas'. Foi assim. Era pra ser só por lá, mas foi além, e foi intenso, e é de verdade. E ela espera.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

.pra outra metade do meu limão.

Pra você que me completa, a minha outra metade do limão, porque as laranjas são comuns demais pra nos resumir. A Lua, hoje, é um umbigo no céu. E pensando nisso, lembrei de você. Porque da noite, eu sou o vento e você o uivo. Eu corro, e você é minha calma. E assim, vamos nos completando. O contraste é nosso conceito. Sul e norte, note bem. Extrapolo, e você pensa, pensa muito. E a gente chora e sorri. Pensei em vários níveis, mas são esses que deixo aqui, só hoje.

Um beijo forte que dura até a volta.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

.sentido?.

Quanto tempo você agüenta sem respirar debaixo d'água?

Quanto você demora pra viver?

Quanto custa um susto?

Quanto tempo tem?

Quanto de mim?

Quanto de ti?

Saudade.

domingo, 13 de julho de 2008

.medalhas da arte.

Leia o título novamente, por favor.

Medalhas da arte, pode acreditar?

O que é arte para você?

A arte sou eu, quais dos meus eu não sei ainda.

sábado, 12 de julho de 2008

_ Que acontece? Até parece desespero, tanto texto de uma vez!

_ Pois é, tá inevitável. As palavras vão brotando e brotando e brotando sem parar, você me arranja uma rolha pra tapar a bica?

_ Ai, hoje eu não vou poder te ajudar, a cortiça tá em falta. A degradação do ambiente é tamanha que acontece isso.

_ Mas, nem uma rolhinha? Tá vendo como é pouca coisa? É só uma menina. A gente tapa a boca dela e tá feito.


_ Você não acha que devemos amordaçá-la também?

_ Boa idéia, quanto menos pensamentos, melhor.


_ Amarra e jogue num rio, afogue como as mágoas.

_ Ok, o roteiro já é outro.
A menininha foi embora, eu percebi o seu olhar de medo quando estendi-lhe a mão. Ela não falava, como não falava o filho de Hassan, aquele caçador de pipas do Afeganistão. Fiquei triste, bastante triste em saber que não projetava mais ares de confiança nem a um personagem fictício. Será mesmo que eu tenho jeito?

O roteiro estava pronto, pronto naquela cabeça de 18 anos, talvez 19. Os cabelos ainda num quase-vermelho enganavam os olhares atentos para ver deslizes. Ela era boa em esconder, em conter suas energias para que ninguém percebesse que estava lá. E passou horas no meio de tanta gente desconhecida. A cabeça fervilhava de idéias, tinha várias, mas os dias passavam e ela esquecia de escrever, escrever e documentar os personagens. Eles, então, pegavam sua pequena trouxinha de idéias e saiam andando para o arquivo do esquecimento. Era o segredo que dela mesma se escondia, talvez por isso o nome do blog: *segredo meu

Eu disse que tinha premonições. A cada releitura de pensamentos, uma nova descoberta. Será que ainda tinha esse tipo de poder? Uma amiga, dona fruta, resolveu lhe pedir serviços: Leia a borra de café para mim. Até que ponto, o acreditar torna uma idéia verdadeira? Preciso pesquisar uma resposta, aguarde um momento; mas já aviso que pode durar anos.

Li e reli publicações, não só minhas, mas de outros. Escritos antigos, que eu costumava ler. Estou num período 'de volta à leitura'. Isso deve ser bom, até me instiga a pensar de novo. Será que parei e por isso a menina fugiu? Será que ela acredita que eu não sou mais digna de seus pensamentos porque parei de pensar? Porque parei de pensar como ela? Não, por favor, quero que ela volte. Me ajuda, por favor!

Vou reencontrar a menina, as fadas, e as borboletas. As várias borboletas que povoavam o céu do quarto, que povoavam as mentes férteis, que iam de encontro a jardins escondidos numa selva empedrada por corações adultos demais para sonhar e entender que a vida não é entendida só por aquilo que se parece lógico. A vida é ilógica, analógica e digital. A vida sei lá o que ela é, mas está aí esperando...

.premonição: 02 de agosto de 2005.

Quarta-feira, Agosto 2

..::..um segredo..::..

*hoje eu queria contar um segredo só pra quem não me conhece. quem sabe eu fosse julgada, quem sabe passasse desapercebida.

*queria contar que eu descobri que eu tenho amigos imaginários... aos montes. e que eu tenho um cantinho especial escondido não sei onde.

*me fizeram descobrir, que apesar dos aaaaanos "sozinha", estou completa. que eu tenho alguém de verdade, ele só ainda não se materializou...

*era uma pessoa assim, meio do mundo da lua, ou do sol, quem sabe das estrelas... que acorda com um beijo, que gosta de abraço e surpresas. uma pessoa assim diferente e tão igual a todo mundo. que anda com rumos estranhos e incompletos e que percebe que anda sem rumo e decide mudar os caminhos. é alguém que gosta de comer pão, pão com sal e margarina... e deixa aquela casquinha dourada em volta do pão... a gente pega fruta na árvore, mas mora em sampa... ele sabe fazer surpresas e brincar de esconde-esconde... a gente procura ovo de páscoa debaixo de pedra e depois ri de tanta bobeira... escuta as estrelas cadentes caindo e caindo e caindo e de repente faz "ploft" bem alto pra avisar o mundo que ela desapareceu. correr na praia é um dos maiores prazeres... viver olhado pro alto pra ver uma bigorna... e aí, de repente, os desenhos animaos tomam conta da cena e a gente cai, escorrega e ri muito.

*queria ter espaço pra contar todas as estripulias...

*a gente dorme na rede, fica com dor nas costas e depois vai pro chão... fica na piscina de noite, no frio, até... mas é bom porque tem mais abraço vindo. Sempre. e um canta desafinado no ouvido do outro pra depois rir de novo. pula os degraus da escada e não tem medo de cair. aposta corrida só pra ver quem é a mulher do padre. brinca de amarelinha na sala de aula... tem coisas que só gente boba faz na vida... eu até desenhei uma amarelinha na sanfran.. e meus amigos quase nem se divertiram.. =D a gente come um montão de chocolate e depois fica estufando a barriga e ouvindo as lombrigas de cada um... haha.. isso é sempre engraçado...

*sente cheiro de comida na cozinha e abraça a mãe bem forte. arruma a mesa, fala umas bobagens, ri mais e vai ver tv. ouve música alto, canta alto, grita na rua, se faz de doido e vive a vida bem... a gente que é feliz.
***************
A gente é feliz. Hoje também.

.amém.

Não sou a maior das religiosas, na verdade quase já não sou religiosa. À noite, bato um papo descontraído com quem quer que me ajude durante o dia, a tarde, a noite, a vida. Mas é algo do tipo amigo: "Valeu, brigada mesmo por tudo de bom que me acontece. Não vou te dar nome, porque alguém pode ficar meio mal com isso, que seja deus, Iemanjá, Allah, se quiser, mas obrigada de qualquer maneira, o dia foi bom."

Não sei porque a tal força de expressão insiste para que eu diga "amém", em várias ocasiões em que não encontro palavra melhor. Acho que eu deveria começar a criar um novo vocabulário, "amém" não me adianta... Ou será que são todas as religiões que dizem "amém", será que é um vocábulo universal?

Que deus me ilumine nessas palavras, mas não sou muito boa nesse tipo de discussão. Sim, utilizei um tal de Deus, que ilumina na frase. Foi só porque acho bonito. Afinal, quem é deus? Eu acho que a maior força que existe é a natureza. E os amigos. Se você for um deles, obrigada.

Cansei de blablabla, por hoje.

.uma lembrança de 08/09/2005.

Porque eu fiquei realmente assustada com isso...

... estava assim, meio perdida, olhando os cantos das paredes ...

olhei para o chão duro e seco e me lembrei dos dias em que a gente deitava e ficava meio que sem fazer nada, olhando um para o outro, sem falar. aquele mesmo chão sempre pareceu de pelúcia, fofo, aconchegante. resolvi, então, escrever-lhe um poema de uma letra só. você escolhe a que quiser, eu não falo mais nada. tentei algumas vezes dizer todas as coisas do mundo, mas a minha voz foi acabando aos poucos e, quando percebi, você já não me escutava mais. e eu fiquei só mexendo a boca sem parar. tudo bem, a culpa também foi minha... eu sempre achei que as coisas são pra sempre. já deveria ter aprendido que, no mundo dos vivos [na verdade eu acho que é nesse mundo dos mortos], as vidas são passageiras e as situações as mais efêmeras possíveis. os sonhos, poucos que existem, permanacem nos corações infantis de alguns que se esqueceram de crescer. por isso, eu te desejo o mais puro dos dias... regado a vinho tinto, porque eu já sei que você não é tão puro assim. fique, portanto, com os dias cinzentos de chuva gostosa de dormir. mas nunca se esqueça que o mundo é sempre bom pra aqueles que se esquecem, por um ou dois segundos, que o tempo não pára...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

.cabe a mim, não a você decidir o meu futuro.

"Cabe a mim, não a você decidir o meu futuro", a garota pensou mais uma vez ao conversar com a mãe. Certa de que a certeza já lhe pertencia, afinal, passava dos vinte, praticamente a maioridade em pessoa, ela era. Mas como sempre, a mãe tinha razão. Será mesmo?

Chegou à conclusão fatídica de que praga de mãe é inevitável. Só esperava que sua mãe não fosse bruxa, pelo menos, não do tipo má. Que não desejasse mal a ninguém, apenas visse o futuro, previsse algo que pudessem evitar, no máximo. Ela dizia "leve o guarda-chuva", se não levava, chovia. Ela dizia "leve uma blusa", se não levava, quase nevava.

Cresceu a menina, sim, chegamos a seus vinte e poucos anos. Enfim, posso continuar sua história.

Ela cresceu, fez faculdade, começava a trabalhar. Algo que seu pai não aprovava, pelo menos, não por inteiro: fazia mágica, transformava uma vida em realidade, mas eu acabo com o segredo; não era médica, nem trabalhava no circo. Seu pai acreditava que era quase um circo. Sua mãe vivia lhe dizendo que a profissão se bastava pelo respeito que lhe tomassem, e que mesmo o coração batendo forte, o auto-controle era o que deveria ser posto em prática. Ela não entendia que os tempos eram outros e que o meio promíscuo da filha não seguia os padrões de uma sociedade "normal". Afinal, o que é normal hoje em dia?

Adendo, também não era puta.

Ok. "Coração, pare!", ordenou. Ele não obedeceu. "Pare! Não faça mais ninguém sofrer, por favor!". Novamente, ele não obedeceu. Ela segurou o choro, leu cartas quase destrocadas, quase perdidas, bateu no peito com raiva e chorou, enfim.

Não, não podia obedecer a mãe; não mais. E ela viu que nem a ela cabia a decisão do seu futuro, seu corpo não a obedecia, como nunca houvera obedecido, e ela se viu apaixonada novamente, chorando enquanto o amor de sua vida, daquele momento de sua vida, estava longe.

domingo, 6 de julho de 2008

.um tal domingo.

O céu estava azul, sem nuvem nenhuma. Ela deitada na rede, à beira da piscina, lia. Lia e se lembrava do rapaz que havia conhecido há 2 meses.

Parecia até cena de filme. O clima era europeu, mas ela estava no Brasil: o Sol queimava de leve a pele branca, uma brisa movimentava-lhe os cabelos pintados, os dedos de unhas vermelhas viravam as páginas lentamente, uma após a outra, numa leitura sonolenta. O telefone ficou na cestinha de pregadores, o lugar mais próximo da rede. Ela esperou, mas sua espera foi um tempo abstrato dentro de seus sentimentos.

Por que será que o amor (será mesmo o amor?) reserva minutos tão distantes quanto a eternidade? Por que será que tantos dizem que amar é sofrer? E essa não tinha sido a escolha da garota, pelo menos não dessa vez.

Tem motivos que, com o passar do tempo, se aprende a tentar não querer. E esse tal amor era um deles. Mas parecia inevitável o gostar de alguém. O gostar daquele alguém tão distante. Ela ainda segurava no meio da garganta a frase. Mesmo o 'eu te adoro', uma vez lhe atribuído na cama, ela tentou renegar. Não falou, mas isso lhe causava lágrimas.

Agora que poderia falar qualquer coisa, a existência do tal amor parecia algo distante, ao mesmo tempo que lhe apertava o peito de dor. Os pensamentos pareciam meros sonhos e ela estava sozinha, em alguma realidade paralela, criada para sua própria proteção. Por quê?

E foi nesse tal domingo que ela percebeu que estava enganada novamente.