quinta-feira, 3 de março de 2011

.ego(ísmo) em (auto-)retrato.

Quer mesmo me conhecer? Me reconhecer por entre os cantos, chorosa, sorrindo, cantando desafinadamente? Quer saber quem é a menina, a moça, a mulher, a louca apaixonada, a sombra de alguém, a luz de um cantinho? Quer descobrir a brasileira por dentro e por fora desse potinho com cara de quem vem do oriente? Com toda sua complexidade, toda a sua (ir)realidade, e (in)compatibilidade? Senta, que lá vem historia...

Era uma vez uma moça, que conheceu um moço e só namoraram depois que ela entrou na faculdade. Namoraram 2 anos, ficaram noivos mais um bom tempo, acabaram, ela sofreu, eles voltaram. Casaram. Um aborto espontaneo, uma morte de um filho, uma gravidez sofrida. Logo que nasceu a menina, sua mãe pôde chorar a morte do filho e regou sua fotografia com dor. Nasceu outro, 1 ano e 9 meses depois. E a menina decidiu cuidar, como se fosse dela. Estava nato, o talento para mãe.

Cresceu tímida, sorrindo pouco, batendo nos meninos da sala. Cresceu gordinha, e com o apelido de She-rah. Quis ser paquita, bailarina, veterinaria, médica, mas desistiu da medicina quando, pra uma feira de ciências do colégio, abriu um livro de dermatologia do pai. Desisitiu na hora. Quis fazer direito, trabalhar na ONU e mudar o mundo. O mundo a mudou e o sonho foi ter com outra pessoa.

Pisciana, sempre. Sentimentos à flor da pele. Desde sempre, apaixonada; paixões platônicas, pois nunca se viu merecedora de troféus, de amores. Mas sonhava com o principe encantado em seu cavalo branco que viria salvá-la da torre alta em que ficava escondida. Amou. Amou amores infantis, seu primeiro foi um coleguinha do jardim II, o Daniel. Dele, só lembra os cabelos loiros e cacheados e a mãe que usava uma coleira de gesso no pescoço; também, a primeira lembrança, as mãos dadas durante a aula da tia Cris.

Passado o tempo em que garotos eram garotos e garotas, garotas; em que crianças de sexos opostos não se misturam, virou moleque, de camisetão, aparelho e óculos... um patinho feio, mas pelo menos, magra, já. Ficou amiga do André, irmão gêmeo do Victor, muito diferentes. Um, magrelo e pequeno, outro, alto e mais fortinho, o magrelo foi a paixão-amiga. Se faziam desenhos, se faziam sorrisos. Um dia, sentaram debaixo da mesa de aniversario e se olharam, ficou um beijo no ar, porque levantaram a toalha de mesa.

Enquanto isso, dançava, a garota. Sonhando um dia poder só dançar na vida. Não seria necessario outro amor, outra coisa. A dança seria sua forma de energia e ela poderia viver APENAS da dança. Tempo passa, passa tempo, tendinites. Sessões de acupuntura. Formatura. "Ela nunca será uma bailarina de verdade", foi o que correu. E chorou. E desistiu do futuro dessa forma. Ok, seu corpo já não garantia o futuro, de qualquer jeito.

Antes da desilusão, dançou, torceu o tornozelo, queria dançar mais, mas estava num carrinho de bebê aos 7 anos. escreveu um livro, começou a aprender computação (e agora, acha absurdo que viu a internet nascer). Alguns detalhes se escondem na memoria, e melhor deixar quieto, porque senão o filme de muita gente vai queimar.

As amigas continuavam. O grupo mudava, mas sempre aumentando. Imaginavam seus casamentos, seus bolos, suas festas. Inclusive o rapaz com vaporetto que ficaria a postos a noite toda para qualquer eventualidade. E riam dos planos, e combinavam quem seria madrinha de quem. A quantidade de filhos, na cabeça, naquele tempo era absurda. E pensavamos em ser mães jovens... Ah! Os tempos mudam... Vivi, Carol, Ju, Melina, Ju M., Nati B. As corridas para pegar o melhor lugar no recreio!

Sexta série: primeiro beijo... que tragédia! Apaixonou-se pelo Danilo, Dadinho. Ainda menina, queria ver um desenho animado no cinema, de repente, veio o menino e colocou uma língua extra em sua boca. Claro, isso depois dela ter virado o rosto na primeira tentativa. É... tem gente que nasce ingênua e assim permanece por tempo indeterminado. E ficou, com sua platônica paixonite até o primeiro colegial, quase segundo.

Já no outro colégio, conheceu Rodrigo, que seu irmão apresentou. Foi paixonite. Durou e ele foi embora. Sim, não teve sorte no amor. Mas sorte no jogo... Já ganhou uma TV 14" num bingo, pouco dinheiro, ainda não ganhou na loteria, mas quem sabe logo mais... ou será que vai começar a rodada do amor?

Vão e vem, pessoas. Estalinhos. Nada mais.

(to be continued...)

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