segunda-feira, 24 de novembro de 2008

.rodamundo.rodagigante.rodamoinho.rodapião.

Rodava tudo lá fora, e ela nem estava bêbada. De repente, percebeu que rodaria também, para além da dança, caso não acordasse daquele sonho. Foi um baque atordoante, mas mudanças e giros e rodopios fazem parte de um cotidiano quase-humano.

Quase-humano, pois quem dera ser humana nesse mundo. Se ser humano fosse sentir de verdade, olhar de verdade, ser de verdade, amar de verdade... Aqueles todos que ela via não eram aquilo que deveriam ser. Aqueles todos que a rodeavam não deveriam ser aquilo que eram, e eram sobre-humanos, ou melhor, quase todos, sub-humanos.

E assim, ela fez-se lenda e resolveu rodar. Rodar e girar até ficar tonta e cair de cara no chão; naquilo que percebeu ser uma nuvem de fumaça, mas que tinha amortecido sua queda. Em seus sonhos, eram nuvens, mas como sonhos não vêm todos a se realizar, ela ficou com a fumaça mesmo. Ainda melhor que o concreto irreal que a rodeava.

E quase acordou para a vida que passava e a levava por onde quisesse; desde montanhas até maomés. Ficou com a cara amassada de dormir na fumaça, um sorriso bobo, quase infantil por cair de cara no chão, chão de fumaça. Ficou atordoada com o baque, se assustou com sua condição, arrancou seu coração e sua memória e seguiu em frente. Sempre rodando e rodopiando...

2 comentários:

Jaqueline Sales disse...

Eu imagino se todos os rodopios e caídas da minha vida, tivessem me proporcinado essa visão transcendental das coisas, do mundo e de mim. Nossa! Não seria mais a Loba. Talvez fosse uma projeção divina da Loba Ascença.

Sério! você escreve bem, e o melhor de tudo é que sente coisas bacanas e sabe dizer isso com muita emoção.

BeijUivoooooooooosssssssss da Loba

Camila Diniz disse...

bela narrativa, me fez sentir todas as sensações