domingo, 13 de outubro de 2013

.uma historia mágica.



.era uma vez um tambor que tocou, precisado tanto, ele convenceu a menina que tinha que dizer o que ele esperou quase um mês pra fazer. pois sim, tambores guardam segredos, e muito bem. e hoje, a menina sabe. 

.nascia um cocar, ainda pairando no ar; vieram cores, turquezas, amarelos, vermelhos, brancos, marrons, dourados, marrons, dourados, marrons, dourados e, por fim, as penas brancas majestosas. criou-se debaixo, o índio grande, moreno, com cara de senhor, exigia respeito. ela, consciente, baixou a cabeça em reverência. e, como em surpresa, em canto presente, regalou a moça com o mágico-encantamento. só uma lágrima escorreu em gratidão, e isso bastou, os dois se entenderam como se fossem um, que logo se tornaram.

.após um tempo, num templo se reencontraram, o cocar e a menina-moça. vestiram-se um ao outro, completando a equação. junto a eles, a raposa enlobada ou lobo raposado sentaram e logo eram matilha.  o lago formado pela grande mãe, água-cachoeira de uns cinquenta metros, no mínimo, secou. abriu-se cratera e logo pularam os lobos, as raposas e, por fim, a menina medrosa. desce que desce, e não acaba. reviravolta revolta essa terra sem fim. cai cai cai e o fundo não chega. uma sala parou, com dois periquitos que cantaram qualquer coisa que não fazia importância no momento, assim, abriu-se a terra novamente e a queda se vai até que um dia chega.

.sem bloft, sem dores, chegam ao destino: um vale dentro do canyon imenso-negro. caminham sobre as águas, a menina e a raposa, mas só se vêem as orelhas dela. faz sentido? talvez para você, não. anda, anda, anda, o caminho aclara num ponto. vem menina, chega moça, vê. repara. para e olha. ele, o elefante, preso em teias de aranha... como um elefante preso em teias de aranha? ninguém entende, mas tal fato é realmente observado. a dona aranha que sobe pelas paredes, chega, olha e diz que ajuda; ajuda se ajudarem, pois ajudado também será o dela.

.abraçam-se ao trabalho, ela destece a teia, enquanto a menina sopra luz. luz dourada que desfalece o tecido e pinta o elefante. sabe aqueles elefantes indianos, todos coloridos? pois então, transforma-se. ele não quer mais ser pequeno, pois essa seria a única explicação para a prisão nas teias. será? mas parecia tão grande!

.coloca a menina-moça-que-cospe-luz, a aranha-destecelã e a raposa que já é ela por si, nas costas e corre. corre corrida sobre as águas até aquele lugar onde caíram a moça e as orelhas flutuantes de raposas no vale. olha pra cima, nada. olha a menina, e eles sabem que era hora de mudar. mudou de forma o elefante enorme, tornou-se pó de luz colorida e entrou na bolsinha que a menina carregava. subiram de volta sem os tormentos das terras reviradas, de volta ao templo. a aranha tece sua despedida, diz que fica, pois lá ajudará.

.abrem-se os olhos da menina que entrou no sonho ou na magia e viu tudo aquilo. será que é verdade? ela olha a bolsinha, em misto de curiosidade e receio. tudo junto e misturado, abre fresta e saem voando borboletas com asas de cristal, muito finas e brilhantes na luz do sol. faz-se arco-íris, o pó de luz colorida sobe sereno e impulsionado pelo vôo das borboletas. e sim, o elefante foi libertado, colorido, para onde deveria ir.

.assim aconteceu, e assim falei.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

.re-criar a re-criança.



.de certa forma o encontro foi o reencontro, o re-ser, o re-fazer de todo o caminho de volta, ou de ida. o re-criar, o re-criança. entrou assim, na dança, simples, com os pés no chão, com o coração onde ele deveria estar. mas sempre ansiosa, os olhinhos brilhando, e o som ofegando com a respiração tranquila. ela, sem saber de nada do que já era sabido, mergulhou de cabeça e coração, todo decorado com flores e cheio de amores. o pensamento ficou no ir e vir, lá no mar, re-mar. remando com as mãos pro alto, entrelaçadas com o outro, cantando no recanto que eles escolheram pra ser seu. juntos, casados, juntados, amando, resolveram cantar pra vida e a vida remou a dança que eles queriam que fosse. assim foi o que eu ouvi.

.a importância depende do momento do outro. ou. gira-roda-vida-viva-gira.



.a verdade é simples e, às vezes, bastante dolorida logo que se percebe o quão "desimportantes" as coisas e/ou pessoas se tornam de tempos em tempos. são apenas fatos, voltas, percursos rotativos que vem e vão num movimento de gangorra. logo logo, lá estarão de volta, pedindo socorro, pedindo carinho. é, simplesmente, direita e esquerda, mas dificulte isso, colocando alguns passos pra lá e outros pra cá. se quiser deixar ainda mais complicado, faça dar voltas ou adicione passos pra frente e pra trás na coreografia. aí degringola tudo e as pessoas começam a pisar nas saias rodadas, nos pés próximos, quando olharem pra quem está na frente da roda. claro que isso tudo acaba em leveza que ninguém sabe de onde chega o sorriso tímido e envergonhado de toda a bagunça que plantou. mas quem sabe um dia, todo mundo vai olhar pra si e pro outro e perceber que cada um tem a importância exata de um segundo apenas do sorriso sincero do pisão que deu no pé da pessoa ao lado. é só pedir e aceitar o sorriso de perdão. gira-roda-vida-viva.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

.o tempo não para, só parece.

(foto do marito Bruno: o vôo de liberdade do condor maravilhoso)

.fazia tempo que não se via poesia. fazia tempo que não se falava de amor ou desamor. fazia tempo que as palavras explodiam em pensamentos, mas ela esquecia de ouvir. não era mais possível esperar, era preciso contar até três. três estrelas ali em cima, lá tão longe, aqui brilhantes. e assim, voltaram as palavras, os pensares que saem da boca ou dos dedos, ou só de dentro da cabeça mesmo. obrigada, liberdade.

quarta-feira, 7 de março de 2012

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

.sonhos.

Ela sonhou. Não era mais menina e isso a assustou. Sob os lençóis, uma respiração ofegante e um olhar amedrontado. Não seria certo as vistas reprovadoras de uma coruja.

A janela estava aberta e uma brisa leve balançava as cortinas de voil. Era como continuação do sonho, quer fora bom, mas ela não sabia onde estava. E era ainda o seu quarto de menina.

Fechou os olhos. E, mais uma vez, vieram à sua cabeça pensamentos que não convinham. Mas ela gostava. E deixou-se levar pela maré de um desejo incontido.

Suspirou, já retornando o sono, voltou a sonhar.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

.o segundo dia do ano.

Sereia de confete, serei-a ela a conferir felicidade.
Encontros nada casuais, num telefonema esperado.
E é o segundo dia do ano, um dia atrasado.
Qualidade de alegria, promovido por um som.
Era a voz de sempre, em outro tom, infantil.
Sorriso em olhar, feliz como quem diria.
Sob o Sol, na água, a leitura de riso.
A infância se toma em forma de palavras assim.
Nada de sim, sem nãos, era um sonho de um dia de verão.
Paz sentida, consentida, com saudade.
E ela sorri e canta perto das águas.
Amém, amor.

sábado, 31 de dezembro de 2011

.o último do ano.

2011 se despede e chora, porque vai deixar saudade. Mas chora, chove e limpa, para abrir caminho para um 2012 ainda melhor, todo cheio de boas energias e aberto para todo e qualquer sentimento bom que queira se aproximar.

2012, chega molhado, limpo e abençoado pelas águas. Bem-vindo, bebê lindo que chora para avisar que chegou. Venha alegria, venha amor, chegue e fique bem à vontade.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

.2012, as promessas.

Ainda não sei bem o que desejo pra 2012, sei que desejo que seja, pelo menos 2011 + 1. Escrevendo o texto, não saia "desejo", apenas "desenho". Então, desenho 2012, com amor para todos nós.

.se o ano acaba, acaba a saudade também?.


Era uma vez, 2011, o ano do amor. Ele nasceu meio despretensioso, desapegado, coisa comum hoje em dia. Certa manhã, o sol se escondeu, virou noite, o vento uivou. Foi como se um pedido tivesse feito para a Fada Azul, e o boneco virou menino de verdade. Assim, nasceu o amor e o 2011.

Sem pedir licença, sem nenhuma cerimônia, o menino se instalou. Fez-se gente e cresceu. As coisas pareciam tomar outros lugares, lugares que não estavam marcados para elas. Virou uma bagunça, mas a felicidade se mantinha intacta. E tudo o que parecia errado era certo, de repente.

A vida passa e os olhos se mantém brilhantes, o coração acelerado em taquicardia ritmada, o suor escorre pela pele como fosse uma lágrima de alegria. A mão entrelaça o vazio, que cheio de amor, energiza o pensamento. E ele está ao lado dela mesmo não estando perto.

2011 se sente sozinho, pois como poderia o ano do amor ser um só? Ele que une, fica como um? O ano do amor tem que ser ao menos 2, portanto, bem-vindo 2012, o 2.o ano do amor. Chegue logo, chegue junto e fique à vontade.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

.adeus, ano velho.

(tontinha no barco em arraial)

2011 foi o ano do amor. Foi isso que eu coloquei na minha cabeça e, quer saber?!, deu SUPERCERTO!

Redescobri o amor, indo a Portugal. A distância e o destino não deixaram dar certo, mas logo depois, veio (pra ficar) o amor da minha vida. E o finzinho do ano não podia deixar de ser com ele (mesmo não sendo o 31). E, apesar das discussões infindáveis, foram dias incríveis.

Quando, de repente, a gente atravessa uma sacada, o amor te pega e não larga mais. ;) E venha 2012, completo, amado, amando sempre!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

.preciso.

Quando percebi, estava feliz. Quando percebi, estava triste porque ele não estava aqui. O que é essa necessidade que temos das pessoas ficarem por perto?

Agora eu sei ficar longe, agora eu te quero perto. E as idas e vindas levam, enquanto ele volta. Eu sei que não somos um, mas os dois não vivem sós. Juntos. Eles. Dois.

Um segundo em silêncio, um sorriso perambula e tilinta. Por um olhar que não se vê, a distância percorre sem saber, os dois. Corações.

Suspiro. Toc-toc. Chegou. Preciso. Em ponto.

domingo, 11 de dezembro de 2011

.querido desconhecido.

De repente, a gente encontra e se perde num mar de felicidade. De repente, a gente olha em volta e se sente perdido. De repente, a gente sorri e se acalma. De repente, tudo mudou.

Querido desconhecido que ilumina os olhos, obrigada. Se não fosse você seria metade do ano ainda, metade da vida e, por mais que eu ficasse menos confusa, seria menos diversão. Querido desconhecido que faz a boca ficar seca e o coração apavorado, por favor, fique.

E, num tempo em que ninguém se conhece e nem se cumprimenta, eu te dou um beijo e fecho os olhos.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

.bolhas de grito.

A ansiedade lhe tomava o peito. Era como se estivesse debaixo d'água, e os gritos lhe saíam em bolhas de ar que explodiam quando vinham à tona. Mas quem poderia escutar e compreender aqueles gritos? Eram um chamado sem rosto, sem fala, sem nada, um chamado sem endereço, a galopar. Seria mesmo incompreensível aquilo tudo, loucura?

terça-feira, 28 de junho de 2011

.ela queria a lua e o amor.

(imagem: shirley kite)

Ela queria a Lua e o amor.

Olhava para o alto, fechava os olhos, juntava as palmas das mãos e pedia ao papai do céu por aquela bola bonita, tão brilhante lá do alto. Ela queria brincar com a luz, com os desenhos quase não aparentes. Queria desenhar um sorriso na Lua quando ela ficava cheia e bochechuda. Sonhava acordada e não dormia enquanto estava lá a sua amiga, sobre as copas das árvores.

A menina olhava, com olhos que pareciam pequenos holofotes, a distância. Imaginava o que existiria lá longe e, um dia, concluiu que longe estaria o amor. Então, na mesma fé com que pedia a Lua, pedia o amor e adormecia sob as copas, os corações do baralho que tentavam confundir seu desejo intenso da Lua e do amor.