Dispôs à mesa o desejo interior de fazê-lo para sempre. Há tempos, perdido, reencontro se negava àqueles que um dia foram jovens, que um dia foram belos, que um dia foram elos de um amor inseparável. E o tempo que tudo esgota, fez-lhes escorrer a paciência por entre os dedos já senis de olhar melancólico e dolorido de juntas estaladas.
Para selar o pacto, num dia ensolarado, tomado, beijaram-se-lhes as faces: ela a dele e ele a dela sob o sol, como se fosse a primeira vez a olhos vistos, nus, assim, seus corpos envergonhados. Não por não serem belos, mas por esquecimentos que a idade trouxera, ou levara. E encolheram-se os músculos, um por um, em forma de feto. E uniram-se como yin e yang. E amaram-se ali mesmo, sob o sol, anos depois do reconhecimento de um tal amor eterno esquecido nas páginas amareladas da lembrança desfalecida de ambos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário