Por horas, ficou ela com a escova de dentes na boca. A pasta de menta ia corroendo suas papilas gustativas, uma das poucas recordações das aulas de ciência do ensino fundamental. E com isso rememórias passeavam por sua vista cansada, embaçada por suas lentes de contato que passavam da validade.
Já era hora de estar na cama, debaixo dos lençóis e cobertas que descobriam suas intimidades. Mas a hora não passava e ela ansiava por mais um momento de criação. E, sem querer que passasse mais um dia em branco, escreveu e reescreveu memórias que um dia não farão mais sentido. Nem a ela, nem a ninguém.
E quando reler os dias cansados, os dias trabalhados, os dias brancos, ela vai querer voltar no tempo.
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